segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Meus dias como Sentinela

     Havia acabado de deixar o cargo de Segundo Conselheiro; fui passado, porém, para um cargo que eu considerava inferior. Fiquei desapontado no início. Acreditava estar sendo subestimado, ou simplesmente não acreditavam em meu potencial. Bom, talvez eu não tivesse, mas o que importava era que nos próximos seis meses eu seria apenas o Demolay que fica do lado de fora da Sala Capitular.
     Logo na primeira reunião percebi que eu não ficava na mais nas filas, nem no triângulo, muito menos em uma mesa, mas sim em uma cadeira atrás da coluna do Norte. Contudo passei a notar minha importância ao me deparar com uma porta fechada e a cerimonia de abertura ocorrendo do lado de dentro. Automaticamente comecei a acompanhar a cerimonia e assim seguiu-se em todas as reuniões.
     Ao final da gestão recebi elogios, os quais ninguém esperava que eu fosse receber e me emocionei ainda mais quando recebi um diploma de cem por cento de presença! Eu, um sentinela, cargo oferecido aos que costumam faltar em reuniões, com presença máxima. Não conseguia acreditar que eu havia feito isso!
     Enquanto a reunião pública de posse se encerrava, ocorria uma reflexão em minha mente. Uma vez me disseram: não importa qual é o seu cargo, mas sim como você o exerce. Cheguei a conclusão que, na verdade não importa, realmente, qual é o seu cargo, mas sim o que você consegue extrair dele. Você não precisa ser um conselheiro para ajudar seu capítulo. Prova viva disso é meu irmão, cujo nome faço questão de citar: Bruno Faria, que como Segundo Mordomo, e 1 ano e meio (se não me engano) de Ordem, organizou praticamente sozinho a cerimonia de 15 anos do Capítulo Sete Lagoas.
     Histórias como essa estão em toda a parte, e eu tenho certeza que não sou o único que cresci depois de uma suposta derrota. Na última eleição me candidatei para Mestre Conselheiro deste Capítulo. Ganhei? Honrosamente não, mas estou hoje no cargo que sonho desde iniciático e tenho certeza das palavras que vou dizer agora: Você só é derrotado por algum obstáculo quando não consegue vencer a si mesmo.

Marcelo Costa Monteiro
Estudante e Primeiro Diácono deste Capítulo


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Meus amigos

     Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Deve ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angustias e aguentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
     Escolho meus amigos pela alma lavada e pela casa exposta. Não quero só ombro ou colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
     Não quero risos previsíveis nem choros piedosos. Quero amigos sérios, que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a imaginação não desapareça. Não quero amigos adultos e chatos. Quero-os metade infância e metade velhice. Crianças para que não esqueçam o valor do vento no rosto, velhice para que nunca tenham pressa.
     Tenho amigos para saber quem sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão.

Por: Davi Cecílio
Estudante e atualmente organista do Capítulo.